quarta-feira, 4 de maio de 2016

Cruzamentos banais


Cruzamentos banais

Naqueles cruzamentos banais
De gente a pé, na rua, 
No café preferido, no bar concorrido,  
Na marginal, 
Voei para ver 

A mãe e o menino a jogar contra o vento
Estudantes sentados a branco e a preto
Pescadores tisnados de tantos poentes

Mais além 
Namorados enleados, contentes da vida
Gaivotas dormentes no colo do rio
Pairei e pousei

Fixei o olhar 
Na sombra e no limo das pedras do cais
E aí ficaria um tempo sem hora 
Não fora passar no meio de mim
A violoncelista esgotada 
com o saco do Lidl, abandonada da pauta, 
Esquecida de si.


Levantei vôo e parti.



 Prímula Matinal


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