O médio não
ofusca a inteligência, não abusa da estupidez. Deixa brilhar os elegantes
e serve de inspiração aos desleixados. O médio tem bens corriqueiros que não
instigam cobiça. Não faz mossa aos talentos. Politicamente está resolvido. O
médio exprime-se com parcimónia diante dos letrados, mas toca a
eloquência junto dos néscios. O médio não precisa de mentir. Paga as contas nos
prazos. Tem amigos por medida. O médio não tem aspirações olímpicas: leva as
sapatilhas ao clube e, de troféus, traz a alma quente do duche. O médio não
precisa de ler o Expresso todo, pode ficar pelos títulos e separatas. O médio
viaja só até à Europa pois, se viaja mais longe, perde o estatuto de médio.
Prímula Matinal
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