quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

A CAIXA DE SAPATOS

Talvez tivesse uns 10 anos (por aí) e andava então, de caixa de sapatos na mão, furada de um dos lados, onde colocava o fundo de uma garrafa de vidro branco, (para servir de lente) e no meio, uma vela que acendia com muito cuidado. Entre a vela e a lente colocava, à mão, fotogramas que um amigo meu cujo pai era projeccionista no cinema/teatro Sá de Miranda em Viana do Castelo, lhe arranjava e ele me oferecia; com um lençol branco que a minha mãe me emprestava, ali “projectava”  as imagens que iam saindo daquela improvisada máquina. Quando já tinha uma certa experiência, comecei a convidar a família para ver aquelas “sombras” que para mim (relembro) eram magníficas: e lá arrastava eu a caixa e lá mergulhava no sonho que crescia....
Um dia o meu pai (não sei onde a foi comprar,  talvez no Porto, creio) ofereceu-me, pelos meus anos, uma verdadeira máquina de projectar que tinha uma manivela que se accionava à mão,  duas bobines e um pequeno filme que vi vezes sem conta: no mesmo lençol enrugado e branco onde tantas vezes vi as minhas “sombras” da caixa de sapatos, via, agora, nítidas e grandes, figuras humanas que parava quando queria e passaram a fazer-me companhia: tudo me parecia irreal, um verdadeiro sonho. E vezes sem conta passei esse filme que vinha com a máquina, olhando para a lente donde saía a poallha de luz.
De tudo que me encantou, só ficaram estas duas bobines, (que originariamente eram até mais pequenas) uma que continha o filme, a outra que o recebia, depois de passar por uns carretos.
E ainda hoje penso, com saudade, no que teria passado pela cabeça de meu pai quando resolveu oferecer-me aquela máquina, e que  alegria teria vivido quando a comprou, a transportou do Porto até à Meadela, onde vivia, e ma ofereceu!? Ainda hoje penso, acreditem!!! Que alegria foi a dele!?
Ainda hoje também, quando vou ao cinema, gosto de ficar bem junto da cabine, donde sai aquela luz mágica que transporta as imagens que me envolvem e fazem recordar !!!!
Desculpem parar, por aqui, o filme....

Porto, 24/02/2016


MANELITO



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