Em Setembro,
antes de sair o portão da quinta para as digressões matinais, colhia da árvore
duas ou três maçãs em vermelho lacado e aroma vibrante. Trincava a pele
resistente e o sumo salpicava-me a cara e inundava-me a boca que se comprimia
pela acidez. À segunda e terceira dentada tornava-se num néctar de puro prazer.
E enquanto gozava desta inebriante
ambrósia, ia apurando a técnica de contornar os delicados labirintos oxidados
cavados pela habitante privilegiada deste eco-mundo.
De tal maneira as venero que não me
admirei quando ouvi dizer que terão determinado os primórdios da nossa vida na
terra. E, se não o fizeram, vale o mesmo porque o que reza é o que faz fé;
assentes em prateleira dedicada, as maçãs silvestres perfumarão para
sempre o mais recôndito da minha despensa.
Prímula Matinal
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