segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Maçãs silvestres


Em Setembro, antes de sair o portão da quinta para as digressões matinais, colhia da árvore duas ou três maçãs em vermelho lacado e aroma vibrante. Trincava a pele resistente e o sumo salpicava-me a cara e inundava-me a boca que se comprimia pela acidez. À segunda e terceira dentada tornava-se num néctar de puro prazer.
E enquanto gozava desta inebriante ambrósia, ia apurando a técnica de contornar os delicados labirintos oxidados cavados pela habitante privilegiada deste eco-mundo.
De tal maneira as venero que não me admirei quando ouvi dizer que terão determinado os primórdios da nossa vida na terra. E, se não o fizeram, vale o mesmo porque o que reza é o que faz fé; assentes em prateleira dedicada, as maçãs silvestres perfumarão para sempre o mais recôndito da minha despensa.


Prímula Matinal

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