Como tenho dito, as memórias que tenho não são de todo muito agradáveis; pelo menos as que me lembram mais.
Há uma que resolvi contar por saber que tinha um pouco de” Alegria breve”, como diria Vergílio Ferreira.
Era o tempo das festas: Natal, Ano Novo, Reis.
A casa dos avós enchia-se de poesia , de gente atarefada com os preparativos, de fritos e de muito amor.
O
avô, sabedor e conhecedor da vida e das coisas e com uma sensibilidade
sempre muito bonita, a ponto de chorar sem qualquer problema desde que o
assunto o fizesse emocionar, levava-me a passear antes de me despedir
dele pois eu não passava o Natal lá em casa.
Lembro-me bem como chorávamos os dois !
Mas,
para que tudo se amenizasse, dizia-me que em Espanha, sítio onde muitas
vezes fazia as suas férias com a avó, o mais importante era a festa dos
Reis, altura em que os meninos recebiam as prendas.
Além disso, já era Janeiro e como tal, mandava a tradição que se cantassem as Janeiras.
Tudo
isto era feito com tanto gosto e tanta sabedoria que até parecia que
aquelas lágrimas quase a cair dos nossos olhos se transformavam em
estrelas a brilhar no Céu que nos acompanhava e que olhando para ele,
quase por magia, elas ficavam presas nos nossos olhos.
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