segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Os 'filhos do meio'




Aos quatro anos, tornei-me filha do meio. Breve construí uma teoria que contraria a falaciosa tendência para catalogar 'os do meio' em síndromes.
Sem dúvida o 'primogénito' carrega desde a gestação, sonhos, inexperiência, ansiedade dos progenitores. É alvo de conversas repetidas sobre os seus avanços cognitivos e motores registados em vídeos e fotos que os amigos dos pais  engolem como xarope aos serões. Leva as vacinas todas. Uns anos mais, começam a delinear o seu futuro. Aqui, o bebé já usa calção. É venerado e, em igual dose, asfixiado pelos pais, avós, tias disponíveis.
'O caçula' , ah sim, é o que vai ser bebé toda a vida,  mesmo  quando, tardiamente,  se faz à vida. Cria dependência pela mãe e foge aos castigos do pai com destreza. Se tem más notas é da falta de vitaminas e por aí adiante.
Por fim, na chave destas premissas, 'o do meio'  é o que escapa  a tudo isto. Cresce no ponto de equilíbrio dos afectos, das expectativas; é amado com moderação. Aprende cedo a lidar com três frentes e, depois da comunhão solene, já pode calçar os sapatinhos duma pré- independência. 
Prímula Matinal


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