quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Presépio de Estremoz



Estávamos a 14. Novembro.1789, numa pequena aldeia de Estremoz, a terra onde nasci, S.Lourenço de Mamporcão.
O meu pai,  levantou-se do banco da cozinha onde tinha comido uma tigela de caldo com sopas de pão branco, endireitou-se,  limpou a boca à manga do casaco de cotim já gasto e disse:
- Anda Samuel, está na hora de aprenderes a arte. Com a tua idade já eu preparava o barro e moldava os animais. Traz umas maçãs da tulha e calça os tamancos.
- Mas, meu pai, eu gosto é da música. Hoje, mesmo, ía ter com o tio Anselmo para dar uma voltas no cavaco dele. E então?
- Então deixas para outro dia. Despacha-te que tenho obra a aprontar e tu vais-me ajudar, que o Natal está aí.
Percorremos os dois o longo serro da Ossa, a caminho da oficina donde saía o sustento da nossa família. O meu pai pôs-me um avental, entregou-me um pedaço de barro, mostrou-me os toscos desenhos em papel pardo  amassado e ordenou:
- Destes galos fazes três, e a seguir duas ovelhas; os chapéus dos pastores também.
E, em pouco tempo, ainda estava eu a debater-me com as pernas do primeiro galo e já meu pai tinha o presépio montado, com arco bizantino, os pais do menino e os figurantes que os visitavam, tudo isto meio pagão, meio cristão, encomenda dos Cortês para oferta ao Sr. Presidente da Câmara.
- Anda daí, rapaz. O forno está à espera!

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Prímula Matinal


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