quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

PRESÉPIOS



Um prazenteiro fim-de-semana de 2013 no Alentejo, em pleno inverno, atingiu a perfeição com o inesperado convite para a inauguração da exposição e venda intitulada “Figuras – a sua Perpetuação”, no Centro de Artes e Ofícios de “Balalaia”.

Era final de Dezembro, época de celebrações religiosas, quase todas associadas ao Solstício de 
Inverno e ao nascimento de um ser divino, criador e eterno, sinónimo de luz e esperança.

Nadas e medradas nas mãos das “boniqueiras” e dos artesãos as peças policromadas expostas, repletas de graciosidade, transbordavam de apontamentos peculiares de grande simbologia histórica e etnográfica.


Dois coloridos presépios, fazendo lembrar os que foram moldados pelo Jesuíta espanhol José Anchieta, despojados do tradicional estábulo, ambos representando a Natividade do Menino que jazia numa espécie de canapé, que nem uma divã, rodeado pelas figuras da galinha choca, da pomba e do galo no poleiro assim como de personagens representativas da faina agro-pastoril alentejana, e onde não faltavam as presenças figurativas dos símbolos da união entre os Povos - os Sábios-Sacerdotes Melchior, Baltazar e Gaspar – transportando ouro, incenso e mirra, atraíram o meu olhar, tendo ficado a mirá-los com deleite durante bastante tempo.


Algo inexplicável induziu-me a adquirir aquele cuja tradicional imagem bucólica foi substituída por uma espécie de pátio árabe, com frisos, arcos em ferradura, uma cúpula e a denominada planta representativa da vida eterna, a palmeira. Estávamos perante reminiscências culturais provenientes dos conquistadores islâmicos no Al-Andalus…


A Galega de Castro

2 comentários:

  1. Bela descrição - e erudita!

    ResponderEliminar
  2. Muita sabedoria aqui contida não descurando a narrativa e os pormenores do tema proposto.

    ResponderEliminar